Como incluir mais literatura no seu dia a dia?

5 de fevereiro de 2019
Confira as dicas da Cris e inclua mais leitura na sua vida!

Se você não lê nada além das obrigações impostas pelo trabalho, pela sua profissão, não se preocupe. Mentira! Preocupe-se, sim, e muito! De tempos em tempos, o Instituto Pró-Livro – associação de caráter privado e sem fins lucrativos que visa o fomento à leitura e à difusão do livro – publica uma pesquisa chamada “Retratos da Leitura”. O dado que sempre chamou minha atenção é o fato de o brasileiro deixar de ser leitor logo depois que termina o Ensino Médio. Para aqueles que cursam uma Faculdade, isso acontece um pouco depois, mas acontece.

Podemos dizer, sem medo de errar, que, nesses casos, o ensino formal não formou um leitor. E não ser um leitor, para além das obrigações profissionais, é construir um limite muito grande para nossa atuação fora do trabalho, mas também dentro dele.

Escrevi, então, duas dicas provocativas, pois não há uma receita sem riscos para se tornar um leitor, como muitos imaginam. Vou falar aqui do leitor literário porque acredito, sim, que, além de garantir o meu ganha-pão (não se vive sem ele, não é mesmo?), a literatura contribui para a construção de uma vida mais interessante e nos ajuda a ver com mais amplidão um mundo tão complexo como o nosso.

Vá além do senso comum

Sinta-se muito mal numa conversa com os amigos ou conhecidos por não conseguir ir além do senso comum ao falar sobre suas emoções ou vivências, ao contar sobre aquela viagem das férias. “Foi incrível, maravilhoso, nossa… foi top!”. Sinta desejo em narrar melhor suas experiências de vida, sejam elas tristes, sejam alegres. Você lembra com que beleza Graciliano Ramos narra no romance “Vidas Secas” toda a tristeza que envolve o caminho percorrido por uma família que vive no sertão brasileiro? O escritor fala em detalhes sobre a sina de homens, mulheres e crianças que mal conseguem se comunicar. Já um outro escritor, João Guimarães Rosa, vai nos contar sobre um sertão muito mais falante em “Grande Sertão: Veredas”.

Diferentemente dos personagens inventados por Graciliano, há muita poesia e criatividade no discurso do homem sertanejo descrito por Rosa. Qual dos dois é o verdadeiro? Qual deles melhor representa esse canto do Brasil que mal conhecemos? Uma leitura atenta dessas duas obras não vai transformar ninguém num profundo conhecedor do Brasil e dos seus problemas, tampouco um especialista em literatura, mas vai nos deixar mais atentos, desconfiados e livres de certezas. Esse olhar mais alargado para a vida também pode trazer mais alegria para os nossos dias, embora a ficção lida nem sempre relate uma história com um final feliz.

Frequente lugares novos para ler

Agora uma dica bem curtinha. Comece a frequentar livrarias ou bibliotecas como quem viaja com pouca grana e aprendeu a se aventurar por caminhos fora dos roteiros tradicionais e já conhecidos. Não se limite.

Cristiane Mateus é editora de Literatura da Editora Positivo. Formada em Jornalismo e mestre em Literatura pela Universidade Federal de Santa Catarina, é também especialista em Comunicação Audiovisual e cursa o Máster em Livros e Literatura Infantil e Juvenil da UAB (Universidade Autônoma de Barcelona). Gosta muito de analisar textos e também se interessa por tudo o que envolve a produção de um livro de literatura. Aprendeu a gostar de ler primeiro com o pai, que também adorava contar histórias, e também com a professora de matemática da quinta série. Sim, matemática. “Uma mulher bem baixinha, mas que ficava gigante quando falava sobre algum livro que amava. No começo eu não gostava tanto assim dos livros. O que me marcou mesmo foi o jeito que ela falava sobre eles. Dizia que era uma contadora de números e histórias. E era mesmo. Pra que se limitar?”

Você também pode enviar a sua sugestão de tema e aparecer por aqui! Envie um e-mail para comunicacacaocorporativa@positivo.com.br com a sua dica.